O espaço entre os espaços
Analisando tudo o que está a nossa volta, é possível perceber que em tudo há matéria. Mas o que é matéria? Seria tudo o que ocupa lugar no espaço. Este seria um conceito perfeito.
Mas o que é espaço? Seria tudo o que não é matéria? Seria o lugar onde a matéria não habita?
No momento em que tocamos em algo, ao pegar uma caneca e tomar café quente por exemplo, sentimos a diferença de temperatura entre a caneca quente e qualquer outro objeto a temperatura ambiente. Isso acontece pois temos sensores nervosos na camada logo abaixo da pele, que transfere essa informação ao cérebro através de impulsos elétricos. Qualquer outra informação também seria sentida, poderia ser também frio ou dor.
Analisando essa situação por um olhar microscópico, se fosse possível observar, perceberíamos que o dedo, ao tocar a caneca, ele de fato passa longe de encostar. Para ser mais claro, apesar de acreditarmos o contrário, em nada que está a nossa volta, realmente tocamos. Pode parecer loucura, mas é a mais pura verdade.
Para entender isso, faremos uma análise do átomo de hidrogênio, embora esse conceito também se aplique a moléculas mais complexas. O núcleo desse átomo é composto de um próton de carga positiva e um nêutron de carga neutra. Sabe-se ainda que 99,99% da massa se concentra no núcleo. Incrivelmente, toda essa massa está condensada em um volume muito pequeno devido a uma incrível força da natureza, a força nuclear.
A força nuclear é uma força de atração de proporções imensas, tanto é que quando ocorre a quebra do núcleo do átomo, ou seja, quando prótons e nêutrons são afastados, a quantidade de energia liberada é tão grande, que aí está a bomba atômica de fissão nuclear. Embora a bomba atômica seja concebida da quebra de núcleos de átomos instáveis, como o urânio, que possui uma massa muito grande no seu núcleo, com muitos prótons e nêutrons. A massa do núcleo de urânio se estende para um volume tal que a força nuclear se torna limitante para o núcleo do átomo se manter coeso. A força nuclear é a maior força que conhecemos na natureza, mas ela se estende apenas até a distância minúscula do centro até a extremidade do núcleo do átomo.
Quando é feito o contrário, onde dois átomos são aproximados por uma força tão grande que os faz tornar-se em outro, ocorre a fusão nuclear. Isso acontece no Sol, que possui uma massa tão grande, que gera um campo gravitacional intenso o suficiente para pressionar os átomos de hidrogênio a ponto de fazê-los unirem em um átomo de hélio. Nesse fenômeno, a fusão nuclear, a quantidade de energia liberada é maior que no caso citado anteriormente. Graças a isso é possível a vida na terra.
Percebe-se até então uma série de observações para chegarmos a uma conclusão filosófica e emocional. Essas são imutáveis características divinas das propriedades do universo conhecido.
Voltando ao átomo de hidrogênio. Sabemos que ele possui um núcleo formado por duas "partículas", o nêutron e o próton. Mas também existe uma outra partícula incrível, o elétron, com carga negativa. Através de outra força universal, a força eletromagnética, o elétron está a uma distância incrivelmente grande do núcleo do átomo, distância esta equivalente a proporcionalidade da concentração da massa do átomo estar praticamente toda condensada em seu núcleo. Para se ter uma ideia, se colocarmos um grão de areia no centro de um estádio de futebol, este seria o seu núcleo, e o elétron estaria circulando na distância da última arquibancada.
Já é possível perceber que existe uma enorme distância entre o núcleo do átomo e a sua eletrosfera. Este espaço não pode ser ocupado por nada, com exceção dos casos de fusão nuclear, onde a força de repulsão entre um átomo e outro, gerada pela força eletromagnética entre as suas eletrosferas é superada por uma força maior, no caso do núcleo do sol, a força gravitacional.
Nesse contexto é possível imaginar a vastidão do espaço existente entre o núcleo e a eletrosfera de qualquer molécula existente. Por mais que tentemos aglutinar as moléculas lado a lado, o que não é possível, mesmo assim teríamos uma quantidade infinitamente maior de espaços separados por elétrons e os núcleos dos respectivos átomos.
O máximo de proximidade de moléculas possível seria no núcleo de uma grande estrela que tenha uma força de gravidade grande o suficiente para uni-las o máximo possível, e mesmo assim, essas distâncias possivelmente são maiores que as próprias moléculas.
Você conseguiu perceber que tudo o que conhecemos, desde os espaços entre os galáxias, os espaços entre os planetas e seus sóis, os espaços entre os nossos dedos e a caneca, e os espaços entre os moléculas e/ou átomos e os espaços entre o núcleo destes e sua eletrosfera correspondem a 99,9999999% de todo o espaço existente?
Mas existe um grande segredo incrível! Lembra do núcleo do átomo? Onde está acumulada toda a matéria conhecida do universo num volume incrivelmente mínimo? Pois bem, os prótons presentes no núcleo podem ser subdivididos em quarks, e estes, por sua vez, quando estudados, embora estudos ainda não comprovem, representam uma matéria unidimensional e com comportamento pouco compreendido. Comportamento este que pode ser considerado como uma forma de vibração que possui uma energia diferente do que é conhecido até então. Essa é a teoria das cordas, onde tudo o que existe é formado pela mesma matéria, o que diferencia tudo é o estado de vibração.
Pera aí, então tudo o que tínhamos conhecido como matéria é na verdade algo que não entendemos, mas que possui um estado de vibração em forma de energia? O que tínhamos como o absoluto da matéria, é na verdade uma forma de energia.
Ainda não satisfeito com toda essa carga de informação, apresento a dualidade da onda. As ondas eletromagnéticas possuem propriedades tanto de matéria, quanto de energia. Embora muitos assuntos abordados aqui necessitem de maior aprofundamento físico para perfeito entendimento, é inevitável ficar confuso quanto a existência das coisas. O que realmente existe? Como diria Descartes, "penso, logo existo".
O elétron então, por possuir dualidade comportamental possui uma massa, embora seu comportamento seja o de uma onda. Sendo também uma quantidade de energia em um estado de vibração, que, por possuir carga negativa, repele pela força eletromagnéticas as moléculas entre si, ocasionando um perfeito equilíbrio no universo. E também possibilita toda a variedade de reações químicas conhecidas. Lembra do diagrama de distribuição eletrônica de Linus Pauling?
Não restou nada nessa vastidão de matéria conhecida que seja realmente matéria! Então, o que somos nós?
A vida é um amontoado de reações químicas provenientes do carbono, que devido a sua flexibilidade de ligações, cria infinitas possibilidades de moléculas orgânicas.
Tentando concluir isso com um ar filosófico, eu começo a refletir sobre sensações que temos ao tocar as coisas e pessoas, afinal o toque é a forma mais contundente de acreditar que realmente tocamos, mas de fato, a distância entre o nosso dedo e a cerâmica da caneca é diretamente proporcional a distância da terra e do nosso astro maior, o sol.
Eu espero que todas essa informações não o impeçam de desfrutar o que a vida lhe proporciona. Que todas as sensações e toques continuem presentes em nossas rotinas e que vivamos saboreando e crendo, mas que de fato, nunca tocaremos algo sequer.
@jonatabiehl
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